Medidas para a saúde das suas aves
Para manter as aves em plena forma sem a necessidade de recorrer constantemente a tratamentos antibióticos, como infelizmente ainda é uma prática comum, há a necessidade de pôr em prática algumas Medidas de Higiene e Nutrição para conseguir uma boa Saúde das aves qualquer que seja a sua espécie.
Medida 1 - A higiene
A higiene deve ser uma prática quotidiana. Quando falamos na Higiene referimo-nos não só à higiene das instalações e gaiolas (ventilação, orientação, humidade, temperatura, etc....) como da higiene e qualidade da alimentação (mofos, poeiras, contaminações tóxicas) sem nunca esquecer a qualidade da água.
A higiene passa também pelas medidas de higiene pessoal: não devemos nunca manipular uma ave sã após ter manipulado uma ave doente ou um cadáver sem termos desinfetado previamente as mãos. De igual modo devemos restringir a entrada de pessoas ou animais nas instalações onde temos as nossas aves ao mínimo indispensável, e sempre tendo o cuidado de promover a desinfeção das mãos e sapatos dos visitantes. Sabemos que uma grande parte dos focos de infeção são transportados para dentro das instalações pelo homem por isso o controlo deste vetor de transmissão é essencial.
A vigilância constante é também um fator essencial na gestão sanitária de uma criação. Um criador experiente e atento detetará um problema sanitário ou de saúde nas suas aves logo que este se manifesta e isso é crucial para um tratamento mais efetivo.
A higiene passa também pelo respeito de um protocolo de desinfeção sério. Pelo menos uma vez por ano, devemos lavar e desinfetar as instalações e a totalidade do material seguindo um modo operativo muito rigoroso: Uma das questões que é muitas vezes descurada, por desconhecimento dos criadores, é a necessidade de eliminar todos os vestígios de matéria orgânica antes de proceder a qualquer desinfecção. Com efeito os desinfetantes são rapidamente inativados em presença de matéria orgânica – restos de sementes, fezes, penas, etc. – e é totalmente inadequado usar um desinfetante antes de uma lavagem meticulosa usando processos mecânicos e detergentes até não restar quaisquer resíduos de matéria orgânica.
A lavagem e desinfeção mais meticulosa das instalações deve ser programada para logo após as criações e não devemos aguardar até ao último momento, ou seja, antes do início da preparação da reprodução (4 a 5 semanas antes do início presumido das posturas).
A quarentena é também um fator essencial na proteção da saúde das criações. Consiste no isolamento o mais completo possível dos recém-chegados que sejam potencialmente portadores sãos das doenças. Sempre que se proceda à entrada de novas aves a primeira medida é a utilização de um inseticida contra os piolhos, que são os vetores reconhecidos de doenças incluindo vírus que estão muito provavelmente na origem de infecções primárias que por seu turno dão origem a outras doenças bacterianas e parasitárias secundárias. Por vezes empenhamo-nos a tratar as consequências sem conseguir resolver a origem do problema.
No final da quarentena podemos ainda efetuar uma verdadeira “limpeza” das novas aves, em função do resultado de uma análise ou de um antibiograma. É de salientar que durante um tratamento antibiótico deste tipo é importante promover uma limpeza e desinfeção das gaiolas a meio do tratamento para que as aves não se reinfectem com excrementos que contenham formas resistentes dos agentes de infeção (por exemplo num tratamento antibiótico de 7 dias deveremos limpar e desinfetar totalmente as gaiolas e os poleiros a meio do tratamento, eventualmente ao quarto dia)
Medida 2 - As vitaminas, aminoácidos, minerais e oliogoelementos
Temos de ter em mente que, na generalidade dos casos, a alimentação das aves domésticas nunca será tão completa como a das silvestres ou selvagens, por muito variada e cuidada que seja a sua dieta. Apesar dos alimentos do comércio permitirem colmatar a maioria das carências que provocam as doenças, algumas deficiências nutritivas são inevitáveis. Os contributos insuficientes em certos nutrientes como vitaminas e aminoácidos limitantes são responsáveis pelas falhas imunitárias e pelas baixas performances de criação em termos no número de juvenis criados e da sua qualidade (tamanho e plumagem em particular). Uma carência nutricional é uma falta com consequências patológicas visíveis: uma doença. A deficiência é em si própria invisível, mas penaliza seriamente as aves em termos de saúde ou, pelo menos em performance de reprodução e beleza. Os alimentos pré-fabricados e misturas de sementes não podem conter todos os princípios activos necessários ao melhor estado de forma das aves em cativeiro por duas razões simples. O custo e a conservação.
Com efeito, se por um lado é possível aumentar o conteúdo das sementes, alimentos completos e de papas de criação em vitaminas e outros nutrientes, o aumento de preço de uma papa que os contenha na quantidade necessária, seria tal que os seus fabricantes não seriam mais competitivos e não os conseguiriam vender. Mesmo quando os fabricantes fazem esse esforço a conservação da maioria das vitaminas e aminoácidos passaria inevitavelmente pelo frigorífico, o que é tecnicamente inconcebível na maioria das criações. Daí ser mais aconselhável a suplementação com vitaminas, aminoácidos, minerais e oligoelementos durante todo o ano em doses adaptadas à fase respetiva – Muda, Pós-muda, Preparação reprodutores e Criação.
Medida 3 - Os resconstituintes da flora intestinal
A flora intestinal é também chamada «flora barreira». É por isso que os fermentos lácticos probióticos constituem um dos principais pilares da saúde das aves. É esta a primeira defesa da ave e é necessária ao longo de todo o ano para a resistência às doenças, a sua natureza é também indispensável no momento dos nascimentos, do desmame e dos tratamentos antibióticos. As bactérias saprófitas intestinais são benéficas para a digestão e assimilação, e, portanto, para a saúde em geral. Os tratamentos antibióticos degradam-nas e podem dar espaço às bactérias patogénicas para se multiplicarem conduzindo a situações de desequilíbrio e a doenças. É, portanto, primordial reconstitui-las após uma antibioterapia e reforçá-las seriamente desde a nascença até ao fim do crescimento dos juvenis.
À nascença as crias não dispõem de uma flora intestinal eficaz e são os seus pais que, ao alimentá-los a cultivam no intestino da cria. Reforçar esta cultura favorecerá, portanto, a imunidade e o crescimento dos juvenis. No desmame a ave alimenta-se com dificuldade e digere mal, o que a fatiga e diminui a sua resistência imunitária. Aproveitando esta fase crítica os germes oportunistas e os parasitas tornam-se mais facilmente patogénicos. Portanto tudo o que favorecer a digestão, a imunidade e a eficácia nutricional favorecerá o desmame, o crescimento e a muda que se anuncia. É recomendável fornecer, em especial após tratamentos antibióticos e na época de criação os chamados prebióticos e/ou probióticos
Medida 4 - A saúde hepática
O fígado é a grande fábrica metabólica do organismo e o seu estado condiciona diretamente a saúde da ave. Os medicamentos e os colorantes artificiais alimentares, continuam a ser os produtos químicos que mais fatigam o fígado. No período da coloração (em especial com a Cataxantina ou com o Carophil Red) e após a utilização de um antibiótico será, portanto, fundamental efetuar uma cura hepato-protetora depurativa. Do mesmo modo as papas de criação dos juvenis são por vezes demasiado ricas em gordura para os adultos. Estas papas fatigam o fígado das aves e engordam-nas, o que pode penalizar as suas qualidades para alimentar as crias, tal como o sucesso da postura seguinte. É, portanto, recomendável efetuar também, entre duas posturas, um tratamento hepato-protetor para aliviar o fígado. Por fim a qualidade da plumagem está diretamente ligada à saúde hepática. Não há boas plumagens sem um fígado saudável. O contributo de complementos como a colina e os sais minerais são benéficos durante o desmame e a muda para melhorar a assimilação, o crescimento, a coloração e a qualidade da plumagem.
Medida 5 - A estimulação da imunidade
É evidente que para evitar as doenças é necessário reforçar a resistência imunitária das aves, e isto muito particularmente no momento dos nascimentos e do desmame, que são as duas fases mais críticas da vida das aves. A imunidade e a resistência às enfermidades não se “fabricam” no último momento com alguns dias de vitaminas. É de enfatizar que a resistência aos vírus é conferida sobretudo por um sistema imunitário forte e saudável e que um sistema imunitário fraco ou enfraquecido conduz ao aparecimento de infeções secundárias ou oportunistas.
Dos meios de que dispomos para melhorar o sistema imunitário os mais importantes são: vitamina C, geleia real, extratos vegetais (equinácia e eupatório) e medicamentos homeopáticos.
Em resumo:
A utilização não razoável dos antibióticos, particularmente como prevenção, tem favorecido os fenómenos de resistência e, portanto, reforçam o poder dos patogéneos. Os micróbios são cada vez mais numerosos, potentes e resistentes. Cada vez mais novas e mal identificadas, doenças emergem. Consequentemente as aves das criações atuais são globalmente mais frágeis e são cada vez mais expostas a microrganismos mais resistentes e perigosos. Em tal contexto, o recurso aos complementos nutricionais é cada vez mais indispensável para assegurar sadiamente o sucesso da criação.
Higiene, prevenção e vigilância são necessários para melhorar a robustez natural do vosso plantel, assim como as suas performances de beleza e reprodução. É necessário trabalhar para tentar diminuir o mais possível o uso de medicamentos. Com estas 5 medidas da saúde terá o essencial, tudo o resto será a otimização. Apesar de o esmero do criador poder fazer toda diferença após atingir o topo de um bom nível, a prioridade deve permanecer na base. Antes de procurar melhorar seja o que for, deve começar por assegurar a boa gestão destas Medidas ou Pilares da Saúde.
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